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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

SÓCRATES O EMIGRANTE

José Sócrates regressou a Portugal.
Depois de 6 meses emigrado na Europa ao serviço da chancelaria alemã da senhora Merkel, o 1º Ministro José Sócrates regressou finalmente à pátria-mãe.
Para uns foi “barriga de aluguer”, para outros o “sargento” vagomestre.
Para outros ainda, um bonifrate irrequieto,manobrado pelo poder franco-alemão, um pinóquio sorridente papagueando ditames alheios..
Enfim… maldicências!
Para mim foi um emigrante…apenas e só um emigrante, igual a muitos outros.
E como a generalidade dos emigrantes portugueses, teve um desempenho exemplar, digno de justos e singelos encómios.
Os portugueses, têm esta curiosa particularidade de carácter. Duma maneira geral e salvo raras excepções, são relapsos na incompetência no laxismo e na manhosice quando trabalham na sua terra. Mas, uma vez inseridos em sociedades e economias superiores, com métodos de gestão evoluídos, devidamente controlados, reconhecidos e motivados, os trabalhadores portugueses, tornam-se verdadeiros exemplos de virtuosa abnegação e de assinalável espírito de sacrifício.
Há muitas décadas que esta é uma das mais singulares idiossincrasias da diáspora lusitana que cruza os cinco continentes em busca do pão que por cá lhe é negado.

Mas o que importa reter é que o incontornável engenheiro agora vai ter mesmo de pilotar o barco, sem alibis e sem derivas desculpantes!
Navegar…navegar sem ver terra, até 2009! Parece não haver volta a dar-lhe. É até vomitar as tripas!
Claro que o senhor primeiro ministro na sua impertinente facúndia, autista e triunfante, continuará a tecer loas à economia portuguesa.
A tal que continua a ser o carro-vassoura entre os 27 Estados-membros da UE.
A tal que de acordo com o insuspeito “The Economist”, nos tem hoje mais pobres do que nos tinha em 1995!
A tal que nos impõe o ordenado mínimo mais baixo da UE, mas que oferece ao governador do Banco de Portugal um ordenado superior àquele que aufere o governador do Banco Central Europeu e à maioria dos gestores das nossas empresas públicas, vencimento e alcavalas superiores à correspondente média europeia!
O Senhor primeiro ministro dando largas à sua imaginação pós-modernista e, em recorrentes ímpetos de um populismo despudorado e pacóvio, continuará a distribuir (com reportagem nos telejornais das oito!), uns quantos computadores a jovens de Borralheira de Orjais e de Curral da Burra Cimeiro.
Não obstante, somos e continuaremos a ser o Estado-membro com maiores taxas de insucesso escolar e de exclusão social, onde o futuro é emigrar para a Europa para ganhar a vida lado a lado com magrebinos, sul americanos e africanos (“Ei-los que partem velhos e novos! buscando a sorte noutras paragens…” ah! como se repetem nas frias e tristes madrugadas de hoje, os sonhos e as bandeiras de antanho!).
Onde se salta de reforma em reforma educativa, de manual em manual (grande negócio para umas quantas empresas privadas!).
Onde ninguém se entende.
Onde se perdeu a noção de autoridade e de disciplina e de trabalho.
Onde os alunos batem nos professores e os pais dos alunos fecham as escolas por não servirem lagosta ao almoço.
Onde (numa atitude de rara coerência!) se retiram os nomes dos santos às escolas.
Somos o Estado membro onde as mulheres que querem fazer abortos já não têm de ir a Espanha. Podem fazê-los em qualquer hospital público, integralmente pagos pelo orçamento do Estado. Quem tem de ir para Espanha, em nome do equilibrio orçamental, são as mulheres que desejam parir. E as que por cá ficam correm o sério risco de parir dentro de uma ambulância em movimento.
Somos o Estado membro onde na Justiça, se podem formar empresas numa hora (batendo com orgulho e algazarra todos os off-shores e paraísos financeiros que, pelo mundo fora servem o crime organizado) mas onde uma qualquer acção em tribunal aguarda em média 8 anos por uma decisão, se entretanto não prescrever.
Onde todas as semanas, políticos, magistrados, policias, repetem… renovam... reiteram...prometem… um combate sem tréguas à corrupção, mas onde não se prendem nem se julgam os corruptos e onde a pequena, a média, a grande corrupção, o tráfico de influências, o compadrio, a promiscuidade e o amiguismo cresce impune e escandalosamente nos meios autárquico, empresarial, politico, judicial e desportivo.
O senhor primeiro-ministro, nas suas iluminadas pulsões autoritárias e higienistas continuará paternalmente a “educar” os nossos hábitos e pecados e, a reprimir os nossos vícios de maneira a que todos possamos um dia morrer saudáveis .
Agora é o tabaco. Depois virá o sal, o açúcar, o sexo e sabe-se lá que mais!

Meus amigos: não tenham ilusões…até 2009 será assim!

Depois, esperemos que a história e a diáspora se cumpram e que a dignidade que resta a este pobre país adiado e maltratado, faça este senhor engenheiro Sócrates emigrar, não por seis meses mas por muitos e muitos anos, para um qualquer destino dourado longe, bem longe da Pátria.

2 comentários:

escória-porco disse...

Como se dizia antigamente, em latim macarrónico, até hoje foi "primus milhus pardalorum est". É com satisfação que vejo compensado o meu esforço de mantedor e puxavante deste blogue agora que nosso companheiro Olissipo - pseudónimo revelador - resolveu brindar-nos com as suas crónicas, plenas de tudo aquilo a que os nossos leitores têm direito. Concorrência bloguística cuide-se, a página está virada, ninguém pára a Escória.

Xico do Canto disse...

Que me tirem o tabaco, o açucar, o sal, embora me chateie ainda engulo. Agora o sexo, o sexo? Nem pensar! vamos enviar já o filho da puta para os confins da Sibéria, sem bilhete de volta