TUDO ACEITA E NADA MERECE

quinta-feira, 12 de julho de 2007

D. CARLINHOS II

Era cliente habitual do Egas Moniz. Volta e meia, tumba, já lá estava caído. As razões não interessam porque não são elas as heroínas desta sublime aventura.

O início da coisa ainda está um pouco nebuloso, até porque, não havendo testemunhas credíveis, teremos de fazer fé no relato dos protagonistas.

Início em registo de comédia:

Uma bela noite, após a rotina normal de fim de jornada num grande Hospital Público, o nosso herói, acolitado por um espécime típico da zona da Boa-Hora / Ajuda, na tentativa de fornecer alguma distracção ao passar lento das horas precedentes do madrugador presenciar do rego das mamas da enfermeira que lhe viria mudar o frasco de soro, resolve organizar um grandioso concurso de peidos.

Ei-los que saem, trombeteantes uns, apenas ligeiramente sibilantes, outros. Volta e meia, tal como nas largadas de fogo-de-artifício, um ou mais morteiros estralejantes rompiam o silêncio da noite; o pianno, mezzopianno e o fortíssimo sucediam-se numa brilhante sinfonia a que não faltavam requintes pituitários motivados pelo lançamento de uma ou outra viúva que, por nítida falta de voz, apenas podia marcar presença pelas microscópicas gotículas de vapores de merda, emitidas para a atmosfera.

A festa só parava quando a puta da enfermeira espanhola, alertada pelas manifestações genuínas de felicidade escatolófila destes Portugueses dos quatro costados, aparecia, rosnando o aviso maléfico: “Poñam-se a pau que Su Alteza el príncipe tambien se lhama Filipe, tal como los otros que vos fueram à la peida, y a quatrocientos e tal años.”

Passado o arrepio a fiesta continuava, imune à turba adjacente, alguns mais para lá do que para cá, até ao previsível esgotamento dos gasómetros tripais, num aparente empate técnico, muito ao gosto dos nobres espíritos para quem a “saudável competição é o único mote de qualquer desporto de cavalheiros”.

Não fora o que adiante se transcreve, directamente dos autos oficiais, e pouco mais haveria a dizer…

No entanto…

Eis senão quando, pouco antes do clímax peidoral, em que as girândolas se sucedem a um ritmo avassalador, uma carcaça humana, postada e prostrada na cama em frente aos dois valorosos competidores, resolve, num gesto temerário, entrar no combate.

Dado o estado lastimável da canalização, a que não faltava um esfíncter completamente poroso e encarquilhado, o primeiro tiro transforma-se numa abominável torrente de merda. Ele era no pijama, nos lençóis, desde as fracas canelas até ao queixo tremente que a ausência dos dentes, esses sim, a descansar num copo de água, devidamente estacionado na mesinha de cabeceira, fazia sobressair. Enfim, uma completa desgraça que fez os nossos amigos estremecerem de pânico: “Se esse monte de merda chama a puta, estamos fodidos.”

Se eles o pensaram, melhor o outro o fez; agarrado à campainha, como um náufrago se acolhe ao destroço flutuante, não descansou enquanto a enorme figura da megera não assomou às portas batentes do serviço.

Ainda restava a esperança que, num assomo de dignidade, a pústula humana assumisse a culpa plena. Mas não, com o esquálido dedo espetado, digno de um Mr. Scrogge, esparramou a denúncia pidesca (ou DRENiana, segundo os novos cânones) sobre os valentes desportistas.

Final em drama:

La putéfia, em vez de, com caridade cristã, lavar e vestir o acamado, num gesto de vingança atroz, pega na panóplia de roupas completamente defecadas e dejectadas e coloca-as aos pés dos dois indefesos cidadãos, quais priores do Crato, humilhados sob os canhões de Olivares

Depois disto, só resta o desabafo: Viva Camões! Abaixo Cervantes!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Verão

Notícia pela manhã: um grande incêndio (mais de 500ha a arder) na zona de Mértola. Os prometidos grandes meios aéreos (desta vez, segundo o-que-era-ministro-e-agora-é-o-primeiro-da-lista-de-que-o-dr.Mega-é-último, é que era à séria) chegaram tarde. Dificuldades de um governo "power point". Azar. Pensavam que o verãozito chuvoso ía durar até ao dia 15.

Declaração (disclaimer):
Estou a dizer mal do governo baixinho e na minha casa, portanto... com autorização.

domingo, 1 de julho de 2007

Liberdade






O Prof. Balbino Caldeira foi constituído arguido. Podemos eventualmente discordar da falta de tacto ao continuar a remexer na merda, a partir do momento em que o assunto "caíu" e, tendo ficado nítido que a licenciatura em questão era uma espécie de prémio da farinha Amparo, não valia a pena estar a provocar aquela piedade popular consubstanciada no "já chega". Agora é que vamos ver o quilate daqueles que avidamente seguiam o Portugal Profundo. Alguns, como é timbre neste "paízito" já começaram a olhar para o lado e a saltar do combóio. A ver vamos...