TUDO ACEITA E NADA MERECE

quinta-feira, 28 de junho de 2007

lol

Confesso - todos temos a nossa pequena perversão - que esta novela da disputa entre o Comendador B versus o último-integrante-da-lista-do-dr.Costa, me tem proporcionado momentos de indizível gáudio, ao imaginar a azia matinal do pedante "cultural" Mega, que sonhou ser Giga ou Tera, mas que não passa de um minúsculo bit. O nosso querido Chico ensinou-me a expressão "lol" do "internetês". Aqui vai um sonante "lollollollollollol".

segunda-feira, 18 de junho de 2007

a afirmação da cultura escória num mundo globalizado

textos como D.CARLINHOS I e PARA QUÊ GUARDAR LIVROS? são páginas vibrantes de cultura escória que mantêm vivo o ancestral grito libertador que num movimento perpétuo para sempre ecoa nos graniticos desfiladeiros do Gerês e do Soajo!
Estão pois de parabéns os seus criadores, lídimos escórias de primeireissima água, que contudo não nos surpreendem pois outra coisa não seria de esperar.
Tratam-se de 2 textos belissimos onde o hiperealismo escatológico nos transporta a ambiências verdadeiramente arrebatadores.
Páginas vivas em que as próprias palavras fedem a odores estonteantes e nos transportam a um limbo de magia.
Continuem pois a deliciar-nos com os vossos mimos literários que nós certamente não merecemos mas sofregamente aceitamos.

sábado, 16 de junho de 2007

Europa?

No meio dos meus afazeres de sábado olhei para a televisão no preciso momento em que um sacana de um israelita dava uma mocada de todo o tamanho no Nani.
Desde quando e com que direito é que estes cabrões fazem parte da Europa?

sexta-feira, 15 de junho de 2007

E o vencedor foi...

"Bosta" (título fruto da vontade do sénior porco)

No dia de Portugal ocorreu-me que: este país, como está, esta dita democracia em que vivemos perdeu, já há algum tempo, o que legitimava a arrogante posição crítica e de superioridade face ao antigo regime. Depois venham dizer-me que foi uma simples votação, num mero programa televisivo...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

D. CARLINHOS I

Tinha acabado de sair da Litografia onde exercia com mestria o seu munus. Vá lá saber-se como, a feijoada do almoço ainda continuava bem presente em frequentes assomos ameaçadores de ventosidades, portadoras daquele perfume a enxofre, metano e ovos podres que tanto prazer olfactivo proporcionam a quem os lança. Hesitou. Talvez ainda fosse possível chegar a casa, ao fim e ao cabo, quase ao virar da esquina. Não, era melhor não arriscar. Estugando o passo, uma vez que a monstruosa calda fervente ameaçava a todo o momento, qual vulcão estromboliano, rebentar a ténue protecção entrefólhica, encaminhou-se para a sua bem conhecida porta, procurando, sem se afastar um milímetro do percurso, um recanto mais escondido que lhe pudesse proporcionar uma alternativa, caso a cólica final chegasse mais rapidamente que o previsto. Felizmente conseguiu acercar-se da abençoada entrada. Imaginemos a tortura daqueles segundos, aparentemente diminutos mas um verdadeiro tormento, enquanto o raio da chave fazia tentativas para abrir o obstáculo final. No tempo em que a movimentação ritmada das passadas controlou a ira dos deuses da defecação a coisa foi andando. Uma vez imóvel, frente à horrível barreira, que teimava em resistir às voltas da chave milagrosa, as forças tremendas do magma merdolento ressurgiram num frémito verdadeiramente avassalador. Felizmente o monstro cedeu. Sem perder um segundo acelerou rumo à casa de banho, procurando, ao mesmo tempo, desfazer-se das calças e das cuecas. Aí chegado, sem sequer acender a luz, naquela penumbra de fim de tarde que entrava pela minúscula janela, pode, finalmente, excrementar e – oh céus – o prazer, a volúpia, o sétimo-céu, enquanto a massa fumegante se escapava roncante umas vezes, apenas sussurrante outras, deixando um vazio cada vez maior naquelas sofredoras tripas. Limpando um pouco o suor frio que se tinha apossado da testa, olhou em volta. Os olhos, até então semi-cerrados de gozo, começaram a habituar-se à pouca luz ambiente. Aí, surpresa das surpresas, exclamou ao vislumbrar o formato da outra louça sanitária que fazia par com aquela onde estava refastelado: “Tem piada, não me lembrava que esta cagadeira tinha duas sanitas…”
Com a pressa, sem acender a luz, tinha-se aliviado no bidé.
Carlinhos, contada por ti era simplesmente divinal.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Guardar livros para quê?

O velho Geadas vive lá na rua desde sempre. Pelo menos, desde sempre, que eu existo. É de certeza muito mais velho que a segunda guerra mundial e, já devia esgalhar a “sua” por altura da primeira. Tem uma cara enrugada de quem tem pelo menos cem anos. Os olhos são dum tamanho descomunal. Ou pelo menos parecem, a julgar pelo que se vê através dos vidros - fundo de garrafa, que ele pendura numa velha armação. Por detrás das orelhas e à volta da cabeça vê-se uma amálgama de cordéis que sustentam em precário e desengonçado equilíbrio, os óculos, a armação, o chapéu e quiça a própria cabeça que se prende ao tronco através dum finíssimo pescoço que é esguio como um eucalipto mas rugoso como um sobreiro.
Usa um velho chapéu de feltro o tempo todo. Dele pendem os cordéis como se fossem teias de aranha e que, não raro, lhe provocam comichão. Nessa altura, irritado, tira o chapéu e coça a cabeça e as orelhas, rematando o ritual com uma cuspidela nas mãos e, com a brilhantina improvisada, alisa três ou quatro vezes a careca e algumas farripas de cabelo. Reconfortado com a improvisada penteadela, volta a equilibrar o chapéu na cabeça juntamente com os cordéis e os óculos.
Seja Inverno ou seja Verão, faça frio ou muito calor, o velho Geadas nunca tira o seu sobretudo escuro de espinha de bacalhau e que há muitos anos atrás deve ter tido uma cor bastante mais clara. Hoje, pelo menos trinta anos depois de ter sido novo, o sobretudo parece uma enorme nódoa, manchada de pequenas nódoas que tanto podem ser gordura de comida, como dos intermináveis galões escuros, das bolas de Berlim, ou dos bagaços que lhe rematam o almoço. A gola está brilhante, com a camada de sarro que tem e, das mangas, tirava-se a gordura suficiente para estrelar ovos para uma casa de família. Na lapela um emblema do Oriental, o seu clube de sempre.
Já se sabia lá na Pastelaria do bairro que o velhote não tirava o sobretudo para fazer as suas necessidades. O Joaõzito, 8 anos, filho do Sô Manel e da Dona Rosa, donos da Pastelaria “Mimosa do Oriente” tinha a mania de espreitar por baixo da porta da retrete, e relatar o que via. Essa curiosidade também já lhe valera um bom par de tabefes do Vitorino, mecânico de profissão, que não achou piada ao divertimento do miúdo e lhe espetou duas berlaitadas nas ventas, perante o olhar resignado do pai e os berros de “ainda comes mais se voltas a fazer” da mãe. Mas não era necessária essa informação do Joãozinho pois ela estava bem patente no próprio sobretudo, quer através de áreas carcomidas pelo ácido úrico, quer das suspeitas manchas acastanhadas que o sobretudo exibia.
Será que o velhote dorme com o sobretudo? Não seria admiração por aí além mas quando acossavam o velhote com a pergunta este, rezingão e chateado, respondia que só dormia com ceroulas e pijama.
Das vezes em que o Joãozito conseguia roubar, por debaixo da porta da casa de banho, a bengala do velhote, ouviam-se um churrilho de impropérios, asneiras e ameaças que muito divertiam o puto e, causavam uma forte risada entre a clientela. Não havia então, grande respeito e consideração pela idade e, tal como com muitos deficientes, eram um motivo de chacota. O Geadas, quando podia, vingava-se, desfechando uma bengalada nas costas do garoto. Numas das vezes até lhe acertou na cabeça e provocou-lhe um respeitável galo que o livrou de chatices quase seis semanas.
O velho Geadas trabalhou 50 anos como fiel de um armazém de vinhos na zona do Poço do Bispo. Dormia frequentemente no próprio armazém, e aproveitava muito do tempo de vigília para a leitura. Era um verdadeiro viciado por livros policiais não se importando de os ler repetidas vezes, citando de cor as passagens e dizeres que mais o tinham impressionado. Nos primeiros anos de reforma continuou a ler com grande regularidade e sofreguidão. Tem uma verdadeira paixão por livros e pela leitura. Mas de há uns meses para cá as coisas estão a mudar. Agora, quem olhar para o Geadas, vê que ele rasga os livros que lê.
A manhã, é dedicada à leitura do Diário de Notícias, propriedade do café. O nosso amigo, lê as gordas da política, escarafuncha ao de leve notícias de escândalos, roubos, agressões e homicídios, passa os olhos pela necrologia a ver se encontra alguma cara conhecida e sobretudo para confirmar que a dele ainda continua ausente da fatídica coluna. Faz as palavras cruzadas e um ou outro passatempo que por lá encontre e está lido o jornal. À tarde, pega num livro policial que transporta no bolso do sobretudo. Já tem umas tantas folhas rasgadas mas o velhote retoma a leitura sempre no início. Lida a folha, rasga-a e coloca-a de lado, formando uma pilha à medida que a leitura avança.
- Geadas, porque raio é que você está a rasgar os livros? pergunto-lhe.
Ele responde-me com uma lógica que não me ocorrera:
- O que é que você quer? Com as dificuldades da vista e a idade que eu já tenho, não o vou ler outra vez e, ao menos assim, sei sempre em que página vou.

Estórias I

Tenho dedicado a generalidade das minhas “bostas” a temas da política actual. O nosso Teodorias (ao fim e ao cabo GRANDE TIMONEIRO da Escória) veio indirectamente afirmar-me que este blogue também serve para fixar factos da nossa memória pessoal, enquanto grupo, possuidor de um passado rico em acontecimentos, por vezes pouco conhecidos dos demais.

A partir dos meus dez anos comecei a frequentar os meios organizacionais católicos da então grande Paróquia do Coração de Jesus pelo facto de os meus dois irmãos, Adelino e Mário (dezasseis e treze anos mais velhos), serem dirigentes de organismos da Acção Católica.

Desses tempos recordo o “Círculo Cultural da Juventude”, patrocinado pelo padre Luís Aparício; reuniões e passeios culturais eram a principal actividade. Recordo alguns nomes (tudo malta, na altura, entre os 20 e os 40 anos): Além dos meus irmãos e das que foram suas mulheres (num dos casos ainda é) Celeste e Maria Teresa, o Fernando Cristóvão (que foi conservador do Convento de Mafra), as irmãs Celeste e Conceição Sequeira, os irmãos Fernanda Nunes e o (também ainda relativamente puto) Horácio, o Carlos Alberto Antunes dos Santos (irmão mais velho do José António), a Maria do Céu Paiva (do Guarda-Roupa), o já casal Daniel? e Maria do Céu Ricardo (os que foram, depois do 25 de Abril, juntamente com o Eduíno Gomes (Vilar) fundadores da AOC (Aliança Operária-Camponesa), que tinha alguns slogans que ficaram na memória (“Nem Kissinger nem Brejnev, independência Nacional” e “Cada voto na AOC (1976) é uma espinha cravada na garganta do Cunhal”) além de duas fabulosas vivendas (ocupadas) na Rua Eça de Queiroz), o Félix, o Moita (género “electrónico-morais”, sempre encarregue dos apetrechos técnicos), a (tia) Carlota, chefe do catecismo, o Carlos Alberto (tenente) entre outros que alguém (certamente) nos vai ajudar a “elencar”.

Outra organização a que pertenci, já pelos treze / catorze anos, foi a JOC (Juventude Operária Católica), igualmente dinamizada pelo Pe Aparício, juntamente com os Padres Morais Sarmento e Alexandre Nascimento (agora, respectivamente, Capelão da TAP (ainda será?) e Cardeal Emérito de Luanda).

Aí tive como camaradas, o Vítor Boal, o António Domingos, o João Resende, devidamente pastoreados pelo Emídio Sousa, mais tarde quadro da tendência católica da Intersindical.

Além da JOC existiam a LOC (Liga Operária Católica), presidida pelo Sr. Ferreira (pai do Carlos Abreu Ferreira) e as mesmas organizações seguidas do “F” de feminina.

Para quem não sabe, estes grupos católicos utilizavam o mimetismo com o PCP, como norma organizacional: Nós éramos “camaradas”, ao aderir tornávamo-nos “militantes”, as secções paroquiais designavam-se por “células” e até o líder se chamava “controleiro”.

Fundados pelo padre belga Joseph Cardjin, no inicio do século XX, procuravam ajudar a juventude operária a lutar pelos seus direitos, lutando, ao mesmo tempo contra o comunismo, com a divisa “VER, JULGAR e AGIR”.

Só mais tarde, em 1970, descobri o Círculo Juvenil (que já vinha de 1966), liderado pelo José Carlos Amador Rebello.

TEMPOS DIFICEIS

Vivemos tempos dificeis e o perigo espreita em cada esquina.
Procuramos sobreviver, ultrapassando os cinquenta mas todo o cuidado é pouco!
Pela minha parte deixei de beber coca-cola desde que descobri que a dita serva para tirar manchas da sanita.
Deixei de ir ao cinema com receio de me sentar numa agulha infectada com SIDA (que saudades do Palhinhas!)
Deixei de usar desodorizantes, (não por causa do buraco do ozono...) porque provocam cancro e por isso já começo a cheirar ao refogado do saudoso 90 e isso está-me a estragar uma promissora carreira .
Quando vou a uma qualquer recepção, já não olho para mulher alguma, por melhor que seja, com medo que ela me leve para o hotel, me drogue e me retire os rins para traficar.
Quis-me armar em escória-porco e doei as minhas poupanças à conta da Kátia Vanessa, uma menina doente que esteve a morrer no hospital da Estefânia...aproximadamente umas 7.000 vezes (é engraçado, esta menina tem 8 anos desde 1993...)
Também deixei de atender números anónimos com medo de uma voz sedutora me pedir para discar um número esquisito e receber uma conta de telefone infernal com chamadas para o Uganda, para Singapura ou para as ilhas Fidji.
A propósito de telefones... o meu Nókia grátis nunca chegou, nem as passagens que eu e a familia tinhamos ganho para uma férias pagas na Disneylandia.
Enfim...uma espiral de sacanagem que nos atormenta a alma e nos retira a bonomia de outros tempos.
Somos peças inertes de uma engrenagem infernal.
Um mundo cruel, globalizado e insuportável dominado pela elite

Que fazer?

SÓ O ESPIRITO ESCÓRIA NOS PODE VALER.

domingo, 3 de junho de 2007

O SARILHO

Pedro Santana Lopes foi eleito pelos lisboetas. Por poucos votos, segundo a “máquina” socialista: cerca de 800. No entanto - é indesmentível – foi-o (sozinho) contra uma coligação entre dois fortes partidos da esquerda – PS e PCP – e, ainda por cima, contra o candidato que já estava no poder, João Soares, o que em matéria autárquica (Portuguesa) é pouco normal. Com efeito os Presidentes de Câmara só costumam cair, ou quando desistem de se candidatar, o que não foi o caso, ou quando a população quer mesmo correr com eles. Daí a vitória do Santana Lopes contra o João Soares representar (quanto a mim) muito mais do que uns simples 800 votos. Poderemos sempre dizer que veio na sequência da “desistência” do Guterres. Então e o Joaquim Raposo na Amadora, o Mesquita Machado em Braga, entre outros que, pertencendo ao PS não perderam os seus lugares de Presidente? Talvez possamos ir buscar algumas das causas à campanha desastrosa onde, por exemplo, o seu director, Vasco Lourenço, veio “atemorizar” os eleitores com a ameaça do retorno do fascismo caso Santana Lopes fosse eleito, isto perante muitos eleitores que por terem menos de 35 anos idade nunca viveram nessa época. Aquilo que resultava nos anos 70 e 80 já não poderia funcionar em 2001.

Uma vez eleito (mais uma vez quanto a mim) PSL, nos dois anos e meio em que exerceu o seu mandato, foi um dos melhores presidentes de Câmara que Lisboa conheceu.

Não considerando (porque, ao fim e ao cabo, todos procuram denegrir o seu antecessor) as denúncias em termos de urbanismo como, por exemplo, o escândalo do prédio do Largo de Camões, recuperado pela Câmara (do João Soares) para ser entregue a “jovens” de Lisboa, que, por um mero acaso, eram todos filhos ou sobrinhos dos autarcas das freguesias de Lisboa afectas à coligação PS/PCP, podemos encontrar diversas iniciativas em prol da cidade patrocinadas por PSL:

- A recuperação da zona do parque florestal de Monsanto, com diversos parques infantis, a criação do auditório Keil do Amaral, pistas para ciclistas, locais interditos à circulação automóvel e um reforço do policiamento da área. Diz-se que isso se deveu à utilização (pela primeira vez) da casa situada nessa zona, mandada recuperar por Kruz Abecassis para moradia dos Presidentes da Câmara. Qual o mal disso? Será de mais que o Presidente da Câmara de uma cidade tenha uma casa proporcionada pelo município, enquanto durar o seu mandato?

- Foi o primeiro presidente que teve coragem de regular o trânsito automóvel nos bairros históricos: No Bairro Alto, Alfama, Castelo, Mouraria, etc… deixou de ser possível o escândalo que se vivia anteriormente: “bichas” de carros para entrar ou sair, estacionamento selvagem impeditivo do acesso de uma ambulância ou de um carro de bombeiros, impossibilidade de os carros do lixo poderem exercer a sua actividade. Lembramo-nos da polémica. Contrariamente ao João Soares, que desistia ao mínimo contratempo, PSL manteve as suas medidas que hoje são apoiadas por todos.

- Sobre o túnel do Marquês, lançado por ele, não vale a pena tecer considerações, uma vez que parece consensual a utilidade dessa obra. Aliás José Sá Fernandes está a pagar, correndo até o risco de não ser eleito vereador, todos os atrasos que provocou à obra.

- Para não me alongar vou só referir uma obra que não chegou a ver a luz do dia: O Casino no Parque Mayer. A oposição, PS / PCP / BE (mais uma vez o Sá Fernandes em acção) tudo fizeram para que o projecto fosse abortado.

Independentemente de quem tenha ou não razão sobre as questões técnicas subjacentes ao caso ou de ser muito caro o projecto do Frank Gery, parece-me evidente que quem ama aquela zona da cidade sofre com o abandono nocturno a que está sujeita. Toda a gente proclama que a Avenida da Liberdade deve ser reabilitada, são choradas lágrimas de crocodilo quando a comparam com os Campos Elísios ou a Rambla de Barcelona. Mas onde estão as iniciativas concretas? Certamente que um Casino instalado no Parque seria uma âncora poderosa para a reformulação nocturna do espaço. Veja-se o que de positivo acontece no Parque das Nações onde finalmente acabou por ser instalado.

O que é que então tramou PSL? Segundo o nosso Teodorias foi a tentação de dar o passo mais longo que o pé. E como é que isso foi possível? Pura e simplesmente porque o Durão Barroso resolveu criar um grande sarilho ao pirar-se do país para um cargo europeu (daí o título desta “bosta”). Aí o PSL não resistiu; ele que estava a preparar-se para fazer um ou dois mandatos de qualidade (vide Figueira da Foz) e, seguindo o exemplo do Jorge Sampaio, tentar a Presidência da República foi, de repente, alcandroado a um lugar para que não estava, nem preparado, nem vocacionado. Além disso sabia-se que o então Presidente estava à espera da mínima oportunidade para, uma vez resolvida a liderança do PS, provocar eleições antecipadas.

É pena que este “sarilho” tenha retirado PSL da Câmara. Lisboa (acho eu) estaria diferente para melhor.

sábado, 2 de junho de 2007

Jogando à bola com a “Judite”


A “estrada nova” ficava entalada entre as instalações da Polícia Judiciária e a Escola Superior de Medicina Veterinária. Tinha uma entrada a partir da Rua Gomes Freire, mas não tinha saída para lado nenhum. Era bastante inclinada e ao cimo era rematada, de frente, com um muro de 2 metros pertencente à escola e, do lado direito, com um portão da “Judite”. Com o correr dos anos e a dificuldade de estacionamento, foi transformada em Parque privativo da PJ com direito a cancela.
Não era muito fácil jogar à bola num terreno com aquelas características. Era fortemente inclinado e apertado mas, era o que havia. Para evitar que as bolas fossem parar ao fim da rua, as balizas eram no muro da Veterinária. Consoante o número de futebolistas era, par ou ímpar, assim jogávamos com uma ou duas balizas que estavam uma ao lado da outra, marcadas no chão com pedras ou casacos e, ao longo do muro com linhas de giz – um motivo de grande controvérsia com o sr. Pompeu, guarda e vigilante da Veterinária que, quando nos apanhava, nos obrigava a lavar e limpar os ditos riscos, enquanto nós barafustávamos e acusávamos um qualquer ausente, pela façanha. Não raro os remates mais desastrados entravam na própria baliza. Outros com certeira pontaria à baliza do adversário eram defendidos pelo guarda redes da própria equipa, que não queria arriscar um frango.
Sem a presença de carros, na altura ainda bastante raros, fazíamos futeboladas que duravam entre uma e seis horas. Ocasionalmente eramos interrompidos pela presença do “velho” ou da “velha “ de algum dos participantes que, não raro, era corrido à chapada até casa, preso por uma orelha e a escutar um sermão com a invariável temática do estudo, das notas, das faltas e o prognóstico dum futuro negro e a trabalhar nas obras. Naquela altura, os maus tratos no seio familiar não eram considerados “violência doméstica” nem o código penal defendia uns energúmenos que se juntavam para jogar à bola nas barbas da judite em vez de estarem a “marrar” como era sua obrigação.
Neste ambiente de segurança e previsibilidade, lá íamos fazendo as nossas jogatanas sem que algo de verdadeiramente perigoso nos ensombrasse as tardes e noites de bola.
Porém um dia, algo de aterrador nos aconteceu. Uns bófias da judite, que não estavam a gostar das nossas performances futebolísticas, resolveram fazer uma caçada aos “putos” e, pregar-nos um susto ou coisa parecida, que nos levaria até às instalações da Judiciária para uma “espécie de
interrogatório” com a dramatização inerente e, posterior chamada dos pais para participação da ocorrência e entrega dos delinquentes aos respectivos progenitores. O resultado seria certamente demolidor. Chegados a casa, haveria uma carga de porrada inicial, à base de estalada na cara e, fiveladas de cinto no traseiro, acompanhada com sermão e missa cantada. Ficávamos proibidos de sair à rua e, muito menos, de nos darmos com a canalha que nos andava sempre a desencaminhar. Qualquer pequena falha era punida com castigo corporal violento e com permanente e oportuna referência ao sucedido, e à vergonha que os nossos pais passavam por terem filhos assim. O incidente colocáva-nos com a espada de Demócles semienterrada no pescoço e sempre pronta a provocar novo sangramento. Demoraria meses até que tudo fosse adormecido e colocado em banho maria. Esquecido, isso nunca. Estava fora de questão.
Os agentes da judite, delinearam um plano simplista. Afinal tratava-se de dar uma lição a uns putos que, tinham a suprema lata de vir jogar à bola nas barbas da polícia.
Vieram dois pela Estrada Nova acima e outros dois sairam das próprias instalações da judite. Pensavam eles que, com um as duas vias cortadas, era só apanhar os patos.
Mas era obviamente uma caça de raposa e coelho. A raposa corria para ganhar o almoço e o coelho para salvar a vida.
Mal um de nós deu o alarme, em menos de um segundo estávamos a trepar o partão metálico da própria judite e a saltar o muro de dois metros que nos colocava no interior das instalações da Escola de Medicina Veterinária. Perseguidos e acossados pelos agentes que, estavam a ver as presas a fugir, corremos com quanta gana tínhamos pelos caminhos ajardinados até um gradeamento elevado, distante cerca de trezentos metros do local do “crime”. Aí chegados, passámos por entre duas grades que tinhamos anteriormente alargado com um pé de cabra, “encontrado” numa obra, precisamente para estas eventualidades. Sem hesitar, lançámo-nos pelo ar para aterrar no passeio da Rua da Escola de Medicina Veterinária. Ainda conseguimos ver o olhar furioso, mas conformado, dos agentes que não conseguiam passar as grades. Mas não tivemos tempo de saborear a vitória. O medo era tanto que corremos quase sem parar até ao Saldanha e depois, ao longo de toda a Av. da República, em direcção ao Campo Grande. Só parámos na Pista das Bicicletas, já agora, para dar uma voltinha. Reunidas todas as economias conseguimos arranjar três escudos que nos íam permitir alugar duas bicicletas durante 15 minutos. Como eramos quatro dava sete minuos e meio a cada um. Daria, digo eu. Pois com a nossa manha conseguíamos sempre um extra. Para já ninguém tinha relógio. Essa era uma prenda a receber, como prémio da conclusão do exame da quarta classe. Lá chegaria o tempo. Quando, pelos nossos cálculos, o quarto de hora se estava a esgotar, apenas circulávamos no extremo da pista e, esperávamos calmamente que nos viessem chamar para entregar a bicicleta. Deste modo ainda conseguíamos o percurso extra até ao local de estacionamento das biclas. Lá chegados, eramos alvo da ira do dono da loja que nos enxovalhava, insultava e ameaçava, jurando que nunca mais nos alugaria uma bicicleta. Ouvida a palestra, lá seguíamos para casa ao ritmo de um quarteirão a correr e outr a andar, até chegarmos ao Saldanha. Aí abrandávamos o passo para podermos chegar a casa com um ar mais normal e pouco suado. Afinal, tínhamos dito aos nossos pais que estávamos a brincar à carica no passeio da rua.
Não sei onde é que íamos buscar energia nem imaginação mas, lá que estávamos sempre a inventar sarilhos, lá isso estávamos. E afinal eu era o mais velho, chefe da clique e, já só me faltavam dois meses para fazer nove anos.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A GREVE

Como utente diário da linha amarela do metropolitano fiquei f….. (podemos traduzir por furioso) quando bati com os "números" (chiffres, em francês. Agora, após o “jámé” do Mário Lino, (AML (após Mário Lino) onde o A tem a vantagem de ser internacional (APÓS, APRES, AFTER))) (penso que os parêntesis anteriores estão bem fechados), todos podemos dizer blagues na língua de Sarkosy (não é húngaro porque essa é a língua do pai e é mais actual que dizer na língua de Racine ou Victor Hugo (o verdadeiro, não o Cardinali)).

Como já me perdi, recomeço na altura em que percebi que os avisos afixados na véspera e que garantiam os chamados Serviços Mínimos eram treta, o que me obrigou a percorrer a pé (só faz bem, não é?), entre impropérios (meus e dos restantes transeuntes, onde incluo várias cavalheiras com os calcantes enfiados em sapatos de salto altíssimo, o que é muito interessante porque as obriga a terem um certo ar dengoso) o trajecto entre o Campo Grande e o Marquês, porque os autocarros, embora circulassem, o faziam à velocidade de gastrópode.

Curiosamente (sinais dos tempos) ouviam-se pouco as normais expressões de “filho da puta” ou “paneleiro de merda”, não fosse algum bufo, imaginando-se já numa cidade de Lisboa controlada pelo Comissário Costa, considerar a Avenida Fontes Pereira de Melo uma extensão das Públicas Conservatórias do Registo Civil, aí localizadas, tratar de denunciar o prevaricador à Polícia Municipal, como ofensor de alguém de que, obviamente, (mais uma vez, sinais dos tempos) não vou referir o nome. Vou chamá-lo “ o herdeiro” porque já li imensas anedotas (pretensamente originais) que já vêm do Américo Tomás, passaram para o Samora Machel antes de aterrarem no velhinho 40 da Rua Castilho. Alguns (e também o Júlio César) percebem esta ligação.

Aí (no Marquês), felizmente, pude apanhar o “meu” 48 onde, embalado pelas leituras sucessivas do “metro”, “destak” e “diário desportivo” e beneficiando da fantástica redução do trânsito à superfície, motivada pelo túnel, me deixei transportar até Miraflores.

Já pela noite dentro pude finalmente (não) perceber a extensão da dita greve geral pelas palavras dos secretários de estado, em nome do governo, e do inefável Carvalho da Silva, pela CGTP.

Realmente uma coisa é verdadeira: O Sócrates, apesar da licenciatura saída na farinha amparo (não posso ser perseguido porque esta frase é do Marcelo Rebelo de Sousa na televisão) tem um ar fino; mesmo que não o seja parece mesmo um doutor ou engenheiro.

Já o Carvalho da Silva, licenciado em Sociologia pela Nova e doutorando, na mesma vertente, pela mesma universidade, por muito que se esforce (será da companhia), continua a ter aquele ar de electricista boçal. Se calhar é por isso que o Jerónimo o quer sanear para o substituir por um verdadeiro camarada sempre sempre ao lado do povo trabalhador, que, tal como ele não queira passar-se para o lado dos dê-erres.

Se calhar ainda vamos tê-lo, quando se reformar do sindicalismo, na Quadratura do Círculo, isto se este programa deixar de ser poiso apenas dos designados partidos democráticos (PS/PSD/CDS), provavelmente o último resquício do léxico PRECiano ainda em vigor.

Já agora (um aparte) o Jerónimo (nesse aspecto) até é um tipo sério: Também podia facilmente ter obtido um grau de doutor (por exemplo em Petróleos) na antiga URSS, com diploma e tudo e evitar o incómodo de ser o único tratado por “senhor” nos debates televisivos.

Voltando à vaca fria, se a CGTP averbou uma derrota nesta greve, também o governo não pode começar a considerar-se vitorioso, utilizando a velhíssima fórmula de “as abstenções contarem a favor”, ou seja, quem não fez greve é porque é contra a greve.

Este governo, mais do que qualquer outro, tem a seu favor o aumento exponencial da precaridade, aliado à novel espada de Demócles que pende sobre as cabeças dos funcionários públicos. Por alguma razão foram os tipos do metro, que beneficiam de um estatuto particular, porque não são funcionários públicos mas funcionários de empresas públicas, os médicos e enfermeiros, profissionais que, por fazerem falta, não podem ser penalizados e os empregados de autarquias, igualmente com um estatuto especial, que mais “engrevaram” no passado dia 31.

Que fazer? Dou uma sugestão. Para a próxima os Sindicatos façam uma greve virtual. Toda a gente vai trabalhar normalmente - o que é óptimo porque ninguém perde o salário - e, quem quiser aderir, coloca um autocolante na lapela com a frase “Estou em greve”, podendo fazer pequenas manifestações na hora do almoço ou após a saída.

O efeito televisivo será muito maior, a CGTP lucra uma data de massa com os autocolantes e, como é fácil, muito mais gente vai aderir. Ainda por cima sem consequências legais.

Estamos no século XXI. Evoluam senhores doutores sindicalistas.

Um "supônhamos"

"O sul tem um defeito, que é o facto de precisar de pontes para passar para o lado norte. Suponha que é dinamitada uma ponte, suponha."

(frase de Almeida Santos, a propósito da localização do novo aeroporto)

Este consegue dizer ainda mais disparates que o Ministro das Obras Públicas em apenas duas frases! Sim, claro, porque do norte para o sul vai-se a nado, é tranquilo. E os terroristas teriam de esperar a construção de novas pontes para poder dinamitar uma, pois temos poucas em Portugal...

Agora um "supônhamos": a familía deste senhor arranjava-lhe um lar de terceira idade com cuidados e vigilância permanentes...isto não acontecia, não é verdade?! Mas no norte, claro...