TUDO ACEITA E NADA MERECE

domingo, 28 de agosto de 2011

O conflito israelo-árabe

Israel nasceu para ser um estado judaico. Tal como a Arábia Saudita ou o Irão são estados muçulmanos. Nesse ponto não há qualquer dúvida. Poderão sempre existir muçulmanos em Israel, como há judeus em outras partes do mundo. Neste conflito a única coisa que me faz "espécie" é a maneira pouco crítica como os judeus evoluídos lidam com a expansão ilegal (à luz do direito internacional, que tem que valer alguma coisa, não pode ser só quando convém) de centenas de colonatos em território que, objectivamente, não é israelita (vide mapas de 1948). Essa expansão parece ser uma causa dos ortodoxos mais radicais, que a radicam no chamado "grande Israel". Esta maneira, digamos, de tentar meter a cabeça na areia é semelhante à do modo como alguns amigos indianos procuram não falar do problema das castas. Não será que os judeus democratas, ocidentais, que já não me chamam gentio, são reféns, sem nada poderem (ou quererem ) fazer contra essa ortodoxia que (penso eu) faz tanto sentido como a ortodoxia católica que acusa os judeus de terem morto Cristo?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Líbia 2

Nunca tive um especial apreço pelo Coronel Kadafi, talvez com a excepção histórica do derrube da ditadura do Idris I, em 1969. O Idris era uma espécie de Baptista (o de Cuba) e o Coronel émulo de Fidel. Tão mau, corrupto e bandido era o monarca como, com o passar dos anos (estes “libertadores” nunca conseguem sair a tempo) se tornou o auto-nomeado “Líder Fraternal e Guia da Revolução”, autor do livro verde, onde esparrama a sua doutrina e de muitas outras coisas, entre patrocínio a atentados e aquela cena do apoio à FLAMA. Percebo que a malta da estrela de seis pontas esteja satisfeita com os acontecimentos do Egipto, da Síria e da Líbia, ao fim e ao cabo como os italianos que – valha a verdade – não tentam esconder a coisa e declaram, um bocado descaradamente, as vantagens da situação actual da Líbia e o “potencial” de negócios relacionados com a reconstrução e com a exploração petrolífera. Como diria o Vasco Santana: “comprenditi”. Espero sinceramente que, aos meus amigos da Terra Prometida, não saia o tiro pela culatra. Estes que agora estão a “ir à vida” falavam muito mas, quando a coisa apertava, “ala que se faz tarde”; foi assim nos Seis Dias e no Yon Kippur. Dos que aí vierem, com a chamada democracia no alforge, nada se sabe. Já agora, em termos de democracia versus ditaduras, creio que pouco se safa no Médio Oriente. Além daquelas monarquias "amigas" onde há uns barbudos religiosos de kufya vermelha ou verde (os da kufya cinzenta, coitados, ninguém lhes liga) que explicam que se pode bater nas mulheres moderadamente e sem nódoas negras nas partes visíveis, também há os que se assumem como democracias representativas, mas que permanecem reféns dos ortodoxos das patilhas encaracoladas, crentes perpétuos da teoria de que Deus é uma espécie de benemérito que tem um povo escolhido a quem ofereceu uma terra. Entre outras coisas o Cristo que eu sigo, veio, viveu, pregou e morreu para nos salvar, inclusive dessa gente.

domingo, 21 de agosto de 2011

Os pobres

Desta vez acho que o Pe Melícias não tem razão em relação aos pobres. Eu e a generalidade dos meus amigos eramos pobres ou remediados menos e nunca tivémos, nem achámos que devíamos ter, direitos especiais apenas por essa condição. Muito trabalho, muito estudo, mesmo após o trabalho, pouca ociosidade, disciplina e actualização permanente, foram o segredo da ultrapassagem dessa situação. É claro que também tivémos alguma sorte, mas essa, ao fim e ao cabo, parece proteger quem mais trabalha. Parece-me muito mau criar a ideia (especialmente nas crianças de muitos bairros ditos sociais) que, por serem pobres, são automaticamente problemáticos e carentes de uma ajuda permanente. Como se tem visto isso só pode gerar gente carente e problemática para toda a vida. Já andamos nisto há mais de trinta anos com os tristes resultados que se conhecem. Para quê continuar com o mesmo paradigma? Não valerá a pena mudar?

Líbia

Parece que a coisa está por pouco. Um ministro italiano já afirmou que a mudança de regime poderá ser boa para as empresas italianas, podendo ser geradora de excelentes negócios na área da saúde e da (re)construção. "Comprenditi". Pensava que se tratava apenas de "direitos humanos".