TUDO ACEITA E NADA MERECE

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Líbia 2

Nunca tive um especial apreço pelo Coronel Kadafi, talvez com a excepção histórica do derrube da ditadura do Idris I, em 1969. O Idris era uma espécie de Baptista (o de Cuba) e o Coronel émulo de Fidel. Tão mau, corrupto e bandido era o monarca como, com o passar dos anos (estes “libertadores” nunca conseguem sair a tempo) se tornou o auto-nomeado “Líder Fraternal e Guia da Revolução”, autor do livro verde, onde esparrama a sua doutrina e de muitas outras coisas, entre patrocínio a atentados e aquela cena do apoio à FLAMA. Percebo que a malta da estrela de seis pontas esteja satisfeita com os acontecimentos do Egipto, da Síria e da Líbia, ao fim e ao cabo como os italianos que – valha a verdade – não tentam esconder a coisa e declaram, um bocado descaradamente, as vantagens da situação actual da Líbia e o “potencial” de negócios relacionados com a reconstrução e com a exploração petrolífera. Como diria o Vasco Santana: “comprenditi”. Espero sinceramente que, aos meus amigos da Terra Prometida, não saia o tiro pela culatra. Estes que agora estão a “ir à vida” falavam muito mas, quando a coisa apertava, “ala que se faz tarde”; foi assim nos Seis Dias e no Yon Kippur. Dos que aí vierem, com a chamada democracia no alforge, nada se sabe. Já agora, em termos de democracia versus ditaduras, creio que pouco se safa no Médio Oriente. Além daquelas monarquias "amigas" onde há uns barbudos religiosos de kufya vermelha ou verde (os da kufya cinzenta, coitados, ninguém lhes liga) que explicam que se pode bater nas mulheres moderadamente e sem nódoas negras nas partes visíveis, também há os que se assumem como democracias representativas, mas que permanecem reféns dos ortodoxos das patilhas encaracoladas, crentes perpétuos da teoria de que Deus é uma espécie de benemérito que tem um povo escolhido a quem ofereceu uma terra. Entre outras coisas o Cristo que eu sigo, veio, viveu, pregou e morreu para nos salvar, inclusive dessa gente.

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