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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Ericeira (Via Odrinhas) Parte I

Ora pois então chegamos à estação da CP de Sintra.
Uma vez recuperado o Cip, do episódio anterior, fizemos uma pequena prospecção, e na base do sentido de orientação das placas verticais nos dirigimos a penantes no sentido da Ericeira, no entanto, ou da missa interrompida, do tempero das Bifanas ou do gaz das Imperiais, acometeu-se-nos uma forte vontade de mijar (vulgo fazer xixi), fizemos de imediato um reconhecimento sumário da zona e, não é que observamos umas colunas redondas de pedra alva, acima de qualquer suspeita, enfim o local ideal para depositar o precioso liquido, ficamos a saber que era, nem mais nem menos o local onde despacha hoje o famoso Edil Fernando Seara.

Então após este pequeno percalço dirigimo-nos por fim ao nosso objectivo a Ericeira, caminho árduo que teria de ser palmilhado durante a noite, o que a avaliar aos dias de hoje, não era tarefa fácil, mas lá fomos andando e conversando tranquilamente sobre temas da mais variada espécie, intercaladas por anedotas de alto coturno e vocabulário duvidoso, agora o tempo é que não estava a ajudar nada, algum nevoeiro difuso, parecendo que poderia chover a qualquer momento, tirando saco impremiável do Cip, sobrava a nossa falta de equipamento para essa adversidade, que fomos de pronto tranquilizados pelo Companheiro Escória-Porco, que informou que vinha preparado para essa intempérie uma vez que possuía um plástico recentemente adquirido e que daria para que todos ficássemos resguardados.

Começaram a cair as primeiras pingas e apressadamente nos dirigimos para um abrigo, que era nem mais nem menos uma paragem de transportes públicos, foi aí que constatamos que o tal plástico comprado pelo escoria-porco, pouco mais dava do que para abriga-lo.

Passado esse aguaceiro, prosseguimos caminho, mas passado algum tempo a chuva voltou e não houve outra alternativa senão nos recolhermos noutra paragem de transportes públicos, mas desta vez na tal famosa de Odrinhas.

Deitamo-nos todos no chão da paragem, com os pés de fora e o melhor tapados possível com o plástico do escória-porco, à espera que deixasse de chover ou que aparecesse a primeira camioneta, por fim não me lembro se deixou de chover, sei é que parou a tal camioneta e nós todos deitados na paragem. À pressa lá nos levantamos e ordeiramente todos ao monte entramos e sentamo-nos na dita, cinco no banco dos palermas e o escoria-porco, um pouco mais á frente num lugar duplo e do lado da janela, devia estar amuado com qualquer coisa que ainda hoje me ultrapassa, estava então ele com o seu gorro preto de lã enfiado, tal e qual pela cabeça a baixo.

… continua Ericeira (Via Odrinhas)

Agradeço aos companheiros que complementem e corrijam esta minha forma de me lembrar deste acampamento escória que tanto prazer me deu não só pela aventura mas principalmente pelo convívio com estes companheiros fantásticos.

1 comentário:

Olissipo disse...

Estas narrativas tão realistas e detalhadas fazem-nos sentir o peso dos anos, o que começa a ser relativamente preocupante!
Mas o distanciamento e a sabedoria da idade madura faz-nos também perceber, num frémito de prazer que nos percorre a memória, o quanto a nossa geração foi feliz, estouvada e sonhadora.
E conseguimos tudo isso sem telemóveis nem computadores...
É fantástico não é?
Parabéns ao nosso escória cronista.
Continuo a achar que umas fotos (que existem!) seriam a cereja no bolo.