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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A ARTE DE PEIDAR - Apontamentos de filosofia escória

Capitulo II
Das Variedades do peido, nomeadamente a diferença entre peido e arroto: demonstração total da definição do peido.

«Dissemos nos primeiro capitulo que o peido sai do ânus. Isto diferencia-o do arroto ou "relatório espanhol"que, formado de matéria idêntica, porém no estômago, se escapa pelo alto porque tem saída próxima ou porque a dureza e replecção do ventre ou quaisquer outros obstáculos, lhe não permitem tomar as vias inferiores. Segundo as formalidades sociais arroto e peido seguem a par. Na opinião de alguns será até mais odioso do que o próprio peido. Não vimos certo embaixador da corte de Luis o Grande soltar um arroto bem viril no meio do esplendor e da magnificência que o monarca espraiava aos seus olhos, e garantir-lhe que no seu país o arroto fazia parte da mais nobre gravidade? Não devemos, num caso, tirar conclusões piores do que no outro e, quer o vento saia por cima ou por baixo, entre as duas circunstâncias há paridade bastante para nos não levantar escrúpulos a tal respeito. Em Furetiére (vol.II do seu Dicionário Universal) lemos efectivamente que no Condado de Suffolck, no dia de Natal, deviam os vassalos desobrigar-se perante o rei, dando um salto, um arroto e um peido.
Não punhamos porém, o arroto na classe dos ventos colicativos ou dos murmúrios e gorjeios do ventre, ventos do mesmo género que rugem nas tripas e tardam em manifestar-se, prólogo autêntico de uma comédia ou precursores de tempestade próxima. As raparigas e as mulheres que se espartilham para adelgaçar a cinta, têm particular tendência para os formar. Segundo Fernel, o intestino a que os médicos chamam coecum, é nessas mulheres tão flatoso e tenso que os ventos nele aprisionados não travam menor combate do que os retidos por Éolo nas cavernas da montanha. À sua custa seria possivel fazer uma viagem maritima de longo curso ou, pelo menos, pôr a girar alguns moinhos de vento.
Para prova completa da nossa definição, só resta falar da causa última do peido, que ora é saúde do corpo pela natureza desejada, ora prazer ou deleite procurado pela arte. A seu tempo trataremos, num capítulo especial, dos efeitos que provoca. Note-se entretanto que não admitimos nem aprovamos qualquer finalidade contrária ao bom gosto e à saúde, pois semelhante abuso não pode, polida e honestamente, ter lugar entre os seus razoáveis e deleitosos fins»
in "Arte de Peidar" Conde de la Trompette

1 comentário:

Zé Costa disse...

Belo texto, pleno de ensinamentos.
Num proximo post abordarei esse tema com alguma profundidade.

Zé Costa