TUDO ACEITA E NADA MERECE

domingo, 20 de maio de 2007

Quando os executivos camarários, sob responsabilidade da coligação Socialista / Comunista, levaram a cabo a louvável tarefa de acabar com as barracas, fizeram-no utilizando o método humanista de preservar os conjuntos populacionais como existiam anteriormente.

Quer fosse no mesmo local, quer relativamente próximo quando o espaço original ficou adstrito a outro fim, foram criadas condições para que a mobilidade e a separação dos habitantes dos extintos bairros de lata fosse mínima ou até inexistente.

Genericamente existiu uma espécie de transplante, em bloco, daquelas pessoas, para os novos edifícios acabados de construir, assim preservando os laços familiares e de vizinhança, tão caros às ideias generosas da geração (que é também a minha) que, uma vez no poder, procurou, por todos os meios e rapidamente, erradicar esse flagelo social da nossa cidade de Lisboa.

O passar do tempo veio – infelizmente – confrontar-nos com a dura realidade.

Com efeito as consequências desse modo de realojar começam, cada vez mais, a fazer parte do nosso quotidiano e, pior ainda, sendo irreversíveis, vão condicionar, por muitos anos, as gerações que nos sucederem, transformando a nossa bela Lisboa numa cidade semelhante a muitas outras que existem por esse mundo fora e onde, a par com condomínios fechados de luxo, pululam os novos bairros de realojamento geradores de insegurança, quer no seu próprio interior, quer nas redondezas, nomeadamente nos bairros da classe média, não fechados por muros e sem segurança privada.

Não basta oferecer casas melhores que as barracas, colocar meia dúzia de funcionários e assistentes sociais, para, como num passe de mágica, criar locais de habitação dignos da nossa cidade.

A falta de educação, o desemprego ou o emprego precário, a sobrevivência à custa de expedientes, a delinquência familiar e as diferenças culturais estão normalmente associadas à habitação pouco condigna.

Uma vez nas novas casas, até pela ausência de estímulos positivos, as pessoas tendem a recriar o mesmo ambiente que conheciam nos bairros de barracas; o desleixo rapidamente faz avariar os elevadores, os vidros partidos são substituídos por cartões e o lixo toma conta dos espaços comuns com a maior das facilidades.

Num prazo relativamente curto as novas casas transformam-se em barracas sobrepostas.

Depois começam, em série, a reaparecer os estigmas associados às situações anteriores: A polícia que, até pela inexistência de efectivos, não tem uma presença preventiva e de proximidade, quando aparece é quase em autênticas operações de guerra geradoras de revolta entre os, felizmente muitos, habitantes honestos, trabalhadores e cumpridores dos seus deveres de cidadania.

Já estamos suficientemente afastados no tempo para podermos concluir, sem receio de epítetos menos próprios, que nem tudo o que foi feito durante o chamado Estado Novo foi necessariamente mau ou ineficiente. No grupo das situações positivas teremos de considerar os chamados Bairros Sociais, geradores, por um lado, de autênticas miscigenações sociais, com famílias de diferentes classes e estratos económicos a viverem nos mesmos arruamentos e até nos mesmos prédios, misturando agregados provenientes de realojamentos com outros da classe média (empregados de comércio, professores dos diversos graus de ensino, operários especializados, membros das forças armadas e militarizadas, polícias…) e, por outro, com a individualização familiar, de quebras de cadeias de vizinhança anterior em locais degradados da cidade.

Estão neste lote Ajuda, Casalinho, Caramão, bairro de Alvalade, Madre de Deus, Alvito, Encarnação, Olivais, entre outros.

Comparemo-los com as várias Chelas, o novo Casal Ventojo, a Quinta do Charquinho, as Murtas, o Fonsecas e Calçada, etc..., etc..., etc...

A conclusão é evidente.

1 comentário:

Cagalhão Atómico disse...

escoria-porco:

Tu tens uma fixação nos assuntos camarários e afinal estás a gastar cera com ruins defuntos.

Como se isso fosse tema que merecesse um décimo do teu talento, da tua mordacidade.

Tu não vez que esse caixote gigante ali para os lados do Arsenal, produz tanta merda, tanta merda que até um escória do teu calibre tem direito a enjoar.

Pensa no que te digo.

Deixa essa cáfila em paz!

Então tu não vês que esse PSL que citas com estranha simpatia acabou com as putas no Monsanto.

Tirou-lhes os latões e as banquetas em que espojavam os púbicos entrefolhos nas bermas das estradas, bordejando de alegria e emoção as vistas dos transeuntes.

E que fez ele?

Construiu uma pistas turtuosas onde uns palermas vão esfalfar-se a correr ao final do dia!

Que despudor!
Que atentado à liberdade!

Que diria de tamanha diatribe o nosso saudoso Julio César!

Portanto meu escória-porco, se queres merecer o epíteto, deixa-te de de desvios elitistas e de conversas sérias da treta!

Nós bem conhecemos as tuas atávicas tendências samaritanas e missionárias!

Mas faz um esforço...

Respeita os que já partiram e honraram a divisa mandando fazer todos os dias aquilo que tu hoje já não podes mandar fazer nessas patéticas pistas de manutenção.

Viva o verdadeiro espirito escória!