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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Baterias...

Fui um dos muitos otários que se entusiasmou, em alguns casos até às lágrimas, com os grandes projectos, ditos exportadores, com que os diversos governos nos encheram a cabeça: Bombardier, Auto Europa, Qimonda, etc… etc…
A triste experiência demonstrou à saciedade que todos, mais ou menos, não passaram de flops, uns já concretizados, outros sob a permanência de uma constante espada de Democles.
O modelo seguido e que se pode traduzir, basicamente, nas mesmas linhas-força, assentou nos vectores do enfeudamento a uma marca estrangeira, produção de peças ou componentes específicos, que apenas servem em determinados modelos dessa mesma marca, forte percentagem, quando não a totalidade, das matérias-primas importadas de um mesmo fornecedor pré-determinado, esmagadoramente pertencente ao mesmo grupo, grandes incentivos fiscais, durante um ror de anos, facilidades na instalação, com oferta de terrenos, isenções várias, e, finalmente, com o financiamento, em muitos casos a 100%, dos bancos nacionais, avales do estado, etc… etc…
Após a constatação do falhanço deste modelo, muito típico de sociedades desiguais, quase com laivos de colonialismo, pelo menos económico, foi, com surpresa, que assisti ao panegírico anúncio da célebre fábrica de baterias da Renault / Nissan.
Quer dizer: Investir (sim porque, não tenhamos dúvidas, acabamos sempre por lerpar o taco que é metido nestas coisas) 200 milhões de euros para criar 200 postos de trabalho, repetindo o esquema que só tem dado merda, só pode vir de políticos, na melhor das hipóteses, estúpidos.
Se, como para aí se diz, somos tão bons em tanta merda, porque não investir no desenvolvimento de baterias multi-marca, que possam efectivamente ser uma mais valia para o nosso país? Universidades, massa cinzenta e vontade temos que chegue, empresas também. Apenas como exemplo deste tema, temos a Autosil, empresa com quase 85 anos de actividade no sector. Senhores governantes, deixem de continuamente continuar a enrabar o pobre contribuinte e tenham ideias; coloquem o nosso rico dinheirinho em projectos que valham a pena. Ao menos aprendam com os outros países que protegem o que é seu.
Isto tudo também vem a propósito de outra grande doença da nossa sociedade: A balança comercial com o estrangeiro, cada vez mais deficitária.
Promova-se a nossa indústria em tudo o que possa ser consumido internamente. Agora, como não há barreiras alfandegárias, tudo tem de ser feito com mais inteligência e habilidade. Mais uma vez não nos faltam as Universidades e as empresas que podem ser alavancas e fautoras de progresso.
Quem entra num hipermercado e tenha algum espírito patriótico só pode apanhar uma valente crise de nervos: computadores, electrodomésticos, artigos de menage, fruta, peixe, já para não falar em artigos muito mais comezinhos, como mochilas escolares, lápis, canetas, artigos de desporto, produtos de higiene, cosmética, simples pastas de dentes, chocolates, etc… etc… (a lista não tem fim) são praticamente todos importados.
C’os diabos, é assim tão complicado conceber e produzir uma televisão, uma pasta de dentes, uma mochila?
Como já escrevi não se trata de caças-bombardeiros ou de foguetões lunares; são coisas do dia-a-dia que, bem produzidas, bem promovidas e bem subsidiadas (neste caso com habilidade, como fazem os outros) podiam muito bem concorrer eficazmente com a importação sistemática de tudo e mais alguma coisa. Isso sim, aumentaria o emprego, a riqueza e, uma vez bem consolidada internamente, poderia então ser exportada. Exportada mas com valor realmente acrescentado. Vão à Bélgica, Holanda, Áustria, Suiça (só para falar de países com a nossa dimensão) e vejam se lá existe este regabofe.
Foda-se, como contribuinte, estou FARTO de ser encavado. JÁ HEGA!!

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