O tipo achou que o velho carro tinha realmente chegado ao fim da sua já longa vida (para carro) de 15 anos e quase 160.000 Km. O motor estava por um fio, os pneus nas lonas, o carburador, ainda por cima de um modelo estranho que, segundo o mecânico, tinha sido introduzido de um modo quase experimental naquele modelo de carro, tinha manias, os bancos estavam a partir-se, etc… etc… Aproveitando o incentivo ao abate e o fim de um depósito a prazo de 10.000 euros, o tal tipo lançou-se na aventura de comprar um carro novo. Internet para a frente, marcas para aqui, modelos para ali, valores menos o abate e aí está: Marca X, modelo Y, preço final, 9.600 euros, dentro do valor disponível.
Contactado o stand da marca, começaram as dificuldades; Ò amigo “isso que você quer” não tem ar condicionado, nem é metalizado, frito e cozido, para a esquerda e para a direita; o tipo retorquiu, com uma segurança inabalável, que nem o melhor vendedor podia contestar:
- Lamento mas só posso gastar 10.000 euros, portanto ou quer vender ou vou procurar outro stand.
Um pouco agastado por estar na presença de um cliente pouco sensibilizado para “dos zero aos cem”, ou “cavalos e binários”, ou “conforto”, ou… ou… o vendedor lá começou a tratar da papelada. A páginas tantas, declara que “chegou a hora de tratar do financiamento, sendo obrigatório pelo menos 10% (cerca de 1000 euros), sendo o resto pago no modelo A ou no modelo B, sendo necessários cinquenta mil documentos, recibos, declarações, etc… etc…”. O tipo deixou-o acabar e simplesmente disse-lhe:
- Desculpe mas não é necessário nada disso. Como lhe disse posso gastar 10000 euros e pretendo pagar-lhe o carro a pronto.
Pausa. O vendedor incrédulo atira: “O quê, então você tem 10000 euros?. Assim o caso muda de figura. Esquecemos tudo o que estivemos a tratar e vamos para uma “coisa” lá para os 30000. Dá os 10000 e depois com o financiamento…
O tipo aqui já não ouviu o resto da conversa. Chegado à rua descobriu um dos motivos de tanta gente estar à rasca.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
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